Histórias importantes


O KARATE DA ERA MODERNA

O nascimento do Karate moderno (sec. XX) encontra-se ligado a um confluir de valores sócio-culturais, com métodos de combate desenvolvidos particularmente na ilha de Okinawa no Japão, refletindo uma determinada sociedade num determinado tempo.
Nessa época quem quisesse iniciar a prática do karate teria primeiro que ter a aceitação de um mestre com um ensino mais individualizado do que massificado, e o teste da prática (treino), era mais sentido do que visto, ou seja, o treino era sempre a luta real, sem regras institucionalizadas.
O primeiro momento de massificação nas escolas da ilha de Okinawa durante a transição do século XIX para o século XX, assume e revela-nos as preocupações educativas que motorizaram a expansão da arte marcial vinda de Okinawa e que na altura não tinha ainda o nome de Karate.
Nessa altura não existia a denominação institucionalizada de escolas e/ou estilos.
(adaptado de "análise institucional do Karate" dossier do Curso TN1)

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 RIVALIDADE ENTRE NINJAS E SAMURAIS

A história da eterna rivalidade entre ninjas e samurais já é muito antiga, mas prevalece firmemente até aos dias de hoje.
Segundo reza a história, durante o Japão feudal, no século XVI os samurais eram a elite responsável pela lei e pela ordem, de todo país. Este estava dividido em províncias, e cada uma dispunha das suas elites de fiéis e honrados samurais para a guardarem e protegerem.

Havia duas classes de samurais: o Samurai Nobre; guerreiro proveniente de uma família abastada e de bom-nome, que frequentava a corte e que poderia vir a ascender a cargos superiores dentro do palácio ou do país. E o Guerreiro Samurai; que era escolhido por um Samurai Nobre, para se juntar ao seu exército pessoal, estando este limitado a ser apenas um soldado a mando do seu amo.
Todo Samurai Nobre dispunha do seu próprio exército pessoal de Guerreiros Samurais, que podia usar a seu bel-prazer, para conseguir aumentar ainda mais a sua reputação e estatuto perante a corte.

São diversos os relatos de Samurais Nobres que tudo faziam para ter o maior número de soldados às suas ordens e que quase frequentemente guerreavam uns com os outros, não apenas com adversários de províncias rivais, mas também com seus próprios vizinhos, para poder alcançar um estatuto de maior poder e destaque dentro da corte.
O Samurai seguia fielmente um código de honra, chamado “Bushido”, e era dentro deste que se deveria manter fiel, se um dia desejasse que, ou ele, ou os seus descendentes, ascendessem a um patamar superior. O desrespeito pelo código, dependendo da sua gravidade, também poderia condenar a morte não só o samurai, como toda sua família.
O guerreiro, quando fiel ao “Bushido”, poderia vir a atingir um destes estatutos de honra e poder:
Samurai – Aquele Que Serve, que defende a lei, a ordem e que não hesita em dar a própria vida para defender o seu país, os seus superiores, ou familiares, e que rege um pequeno estado (fazendas, campos de arroz, vilas e terras).

Hatamoto – Classe superior ao samurai (tenente), e que consistia no líder dos Samurais Nobres, dentro de uma determinada província, levando as noticias até ao Grande Senhor, o Daimyo.
Daimyo – Classe superior ao Hatamoto, e que consistia no representante e líder de uma classe de Hatamotos, de uma determinada província e que estava directamente ligado ao Shogun.
Shogun – O Líder do Japão. Este era o estatuto mais alto que um guerreiro poderia alcançar.
Em suma, o caminho de um Samurai estava obrigatoriamente ligado ao sistema político do país. Todos queriam subir e ascender ao trono, mas apenas os mais honrosos, o conseguiam. E visto que o desrespeito pelo “Bushido” significava o fim desse trajecto, o guerreiro não poderia cair em desonra. Mas o caminho destes guerreiros estava cheio de intriga, invejas e traição. Já que o samurai não podia sujar as suas mãos, alguém tinha de o fazer… e é aqui que entram os Ninjas!
A história que circunda estes guerreiros perdeu-se nos anais do tempo… mas pelo que parece, o fundador desta classe, terá sido um guerreiro samurai que farto do código sufocante do “Bushido” e após ter sido condenado a morte por traição, terá fugido e criado a primeiro clã destes guerreiros.
Um ninja é sinónimo de “mercenário” e “espião”,  rege-se pelo código da “Sobrevivência”, contrário ao do Samurai, que é a “Honra”.
Um ninja não se inibia em matar pelas costas ou pela calada da noite… Roubava, assassinava, incendiava, etc.
Reza uma lenda, que um nobre suspeito de conspirar contra um dos Hatamotos da sua província, terá declarado: “Se querem dar caça à conspiradores, comecem pelos ninjas!”.
Realmente, os ninjas depressa ser tornaram um alvo a abater, tanto o mais, que alguns dos próprios Samurais Nobres, contratavam os seus serviços, para assassinar Samurais rivais, raptar familiares destes, envenenar exércitos rivais, espionagem, entre outros actos desonrosos de que estes guerreiros, pelo código do “Bushido” estavam completamente inibidos de fazer, sob pena de desonra eterna e/ou pena capital (morte).
Farto do terror que estes “Demónios Negros”, como haviam sido denominados pela corte, devido às suas vestimentas (contrária a dos samurais que envergavam vestes brancas), causavam, um Shogun declarou que a partir daquela data, seria extremamente honroso a um Samurai, matar um Ninja. A lendária guerra estava assim aberta.
Durante décadas, Ninjas e Samurais combateram furiosamente, dando início a histórias, lendas e mitos.
Os ninjas eram retratados em pinturas medievais, como demónios, com seus olhos grandes e vermelhos, possuídos pelo Mal Absoluto (dizia-se, devido a ignorância das técnicas e armas de que estes dispunham, de que um ninja era capaz de matar apenas com o olhar), enquanto o samurai é representado com um ar quase angelical, como se de um guerreiro divino se tratasse.
O Japão Feudal acabou por cair. Mas a “adversidade” que existe entre estes dois guerreiros, persiste até os dias de hoje.
Os Karatekas ainda vestem os seus Quimonos brancos, símbolos do “Bushido” e são vistos como os descendentes dos Samurais, enquanto os praticantes de Ninjitsu, continuam a ser fiéis às suas vestes negras e técnicas de combate rápido e mortal, embora as alianças entre ambos, felizmente, cresçam positivamente de dia para dia, deixando as adversidades apenas nas páginas dos livros de história.
Mas o Japão Feudal, ainda vive, dentro do coração e da mente, de todo aquele, que pratica fervorosamente, a filosofia da sua arte de defesa pessoal.

 Artigo de Jefferson Fonseca CCDMAIAKARATECLUBE